Oficina na Diretoria de Ensino – 15 de maio de 2015

Mais uma vez o núcleo foi convidado/convocado pelo Rangel, da Diretoria de Ensino, a compor o banquete de atividades que tinha como intuito incentivar a inserção da temática afro-brasileira nas escolas. O público presente compunha-se de coordenadores de escolas públicas da Diretoria de Ensino Campinas Leste e a grande maioria demonstrou interesse no trabalho do coletivo. Seguimos com uma introdução por meio de duas vídeo-produções nossas. Todo esse aparato garantiu fluidez, degustação e palavra escrita, dita e tocada. Logo após, fomos surpreendidos por um vídeo, uma bela entrevista que finalizou aquela manhã de 13 de maio de 2015 de modo a garantir que a tarde dessa data rendesse bons ventos para aqueles que ali buscavam sopros de incentivo e/à criatividade de ensino atravessado por ventos áfricas.

Exposição “Aparições” no Museu da Imagem e Som – Campinas – SP - 7 de maio de 2015

Fomos convidados pelo Labjor (Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp) a participar de uma exposição-instalação disparada pelo tema “DESAPARECIMENTOS #cidades-limites#futuros-tangíveis#”. O convite para a exposição era a imagem de uma enxurrada: Após uma longa seca, com as chuvas de março, o MIS-Campinas foi inundado de notícias. Uma verdadeira enxurrada de manchetes, opiniões, informações... invadiu o museu.... Depois que as notícias vazaram surgiu no primeiro andar do MIS "Aparições": uma cidade de papel (papel jornal, revista, papel tela do cinema, tela do computador...), inventada pelas diversas ocupações que artistas, coletivos e pesquisadores... Respondendo ao chamado, o Núcleo de Leitura Fabulografias esteve, mais uma vez, presente, partilhando do sensível em 3 intervenções. O ambiente foi invadido por memórias ensurdecedoras. Uma das obras Velho Chico trouxe um rio agonizando pelo chão das ruas cruas, pisado por anônimos e observado por curiosos. Em seu lastro de dor, de súplica e sangue corre nomes des – feitos. O esquecimento, que torna invisível a morte das populações indígenas está registrado nas paredes concretas da grande cidade. Na marca de corpos contornados em fita, a morte dos povos ribeirinhos e indígenas e do próprio rio. Essas marcas de corpos “mortos” direcionavam os transeuntes a uma parede cheia de lambe-lambe. O vermelho vivo do sangue, os nomes das tribos invisíveis e esquecidas foram marcados na parede como aviso para a barbárie in-dizível embora rotineira. O sangue escorreu das paredes ao denunciar, silenciosamente, o massacre diário de uma população invisível Dentro do MIS, outras duas exposições. Uma delas, fotos do Coletivo Invisível compunham uma mostra de postais produzidos por jovens. Na enchente que submergiu a cidade, um novo lugar aparece. O que nos mostra esta nova cidade? Tendo esta pergunta como disparadora foram realizadas oficinas com adolescentes, alunos do ensino regular de filosofia e história, internos na Fundação Casa (Unidades Andorinhas, Campinas e Maestro). Por meio de experimentações textuais, desenhos e fotografias, fragmentos desta nova cidade se fizeram. E em manipulações digitais, repetições e composições de postais estas cidades dobraram-se em outras e outras... O Coletivo invisível traça possíveis cruzamento entre uma prática de sala de aula e a produção artística coletiva, na busca de respostas: Que cidades este acontecimento criativo capta e inventa? Que ressonâncias fazem com estas jovens experiências de vida em reclusão? O que você possui? – A pele, nada a mais. Nela encontrei o meu destino, condenado. Nela estou aprisionado. Vê? Angélica Brotto As marcas ali deixadas pelo sofrimento, pelo cárcere e pela invisibilidade libertaram sentimentos. Inundaram a cidade de histórias de vida que nem sempre são contadas. São silenciadas com a dor. Da rendição ao poder, desde a reclusão até a falta de perspectiva nas ruas. Guilherme Montenegro Em uma das salas do andar térreo do MIS, criamos o espaço Escavações. As imagens criadas entre papel jornal, água, poemas, fotografias buscavam uma convulsão entre expressões silenciadas. Lascas, camadas que se (des)pregam, vestígios, aparecimentos demolindo superfícies por arranhões, raspagens nas paredes, chãos. arranhaduras, raspas que se criam por fragmentos de contos, nos/dos escombros de remontadas oralidades e significâncias, ressoando clamores guardados no corpo das palavras. Pequenos feixes de luz se dispunham na mesa para os convidados se aventurarem a desvendar a frieza por trás das imagens-pedras. As enchentes desfaziam o concreto, mas não de uma vez: apagavam os registros, corroíam como traça: O rio que transbordara já baixou, mas a inundação deixou várias marcas. As imagens da cidade convidavam quem passava para um encontro. Com novas leituras, novas formas... As formas da cidade e o espaço para várias formas. As janelas foram quebradas, cobertas e novas luzes entraram. Tivemos ainda a surpresa na disposição dos elementos, com novas alternativas. Mas o banquete se refez e a fartura de palavras e novas leituras também.” Guilherme Montenegro

Oficina na escola Educap – 24 de abril de 2015

Fomos convidados a algo novo: uma oficina do Núcleo destinada a alunos secundaristas de um colégio particular de Campinas, o Educap. Primeiramente, os alunos foram convidados a partilhar imagens trazidas que tinham sido atravessadas pela pergunta “Que áfricas ventam por você?”. Logo que chegamos, todos se encontravam organizados esperando pelo novo que vinha, então apresentamos dois vídeos produzidos por nós como forma de introduzi-los à proposta. Logo após, montamos uma mesa para degustação contendo livros, imagens, textos e instrumentos por nós levados e também com as imagens levadas por eles. A interação, que, de início, se mostrava um pouco arredia, logo tornou-se fluida. Reverberações não demoraram a surgir, como um grupo de alunos a produzir som de funk, um ritmo tão hostilizado, mas que faz parte do desenvolvimento musical de uma geração de jovens brasileiros e que transpassa os muros do elitismo. Depois, interagimos de modo oral, com apresentação de produções da própria oficina e dos outros materiais componentes da mesma. O som voltou a surgir e garantir fluidez naquele espaço que tinha como objetivo fazer acontecer.

Oficina Semana da Educação – FE/Unicamp

por Mirna Rolim

Ao todo foram sete participantes nesta oficina e o envolvimento foi inteiro. Montamos uma instalação na sala de atividades corporais na Faculdade de Educação na Unicamp, incluindo livros, imagens, produções de oficinas anteriores, poesias, tecidos, objetos que remetessem ao universo afro-brasileiro, galhos, folhas secas e música. Os participantes entraram para a oficina em meio a esta atmosfera performática, curiosos, e um tanto reticentes.




Conversamos em roda sobre o núcleo e suas ações e os convidamos a explorar os elementos ali que, expostos, compunham o cenário. Foi um momento de mergulho, cada um vivenciando internamente o que aqueles estímulos movimentavam e ecoavam. Aos poucos, estes movimentos e ecos começaram a sair do âmbito individual e a serem compartilhados por meio da leitura em voz alta de fragmentos de histórias e poesias que ali se encontravam.





Deste momento para a criação de imagens e textos foi um passo fluido. Mais uma vez o movimento partiu do individual para o coletivo, pois inicialmente cada um elaborou uma frase poética, um desenho, e posteriormente essas criações foram interagindo entre si naturalmente, havendo inclusive algumas consonâncias nas produções, fruto de uma sintonia sutil que se instaurou nesta tarde agradável e produtiva.





Oficina no SESI - Campinas

por Angélica Brotto

O Coletivo Fabulografias partilhou uma oficina de poemas-imagens no SESI Campinas, entre os dias 13 e 14 de novembro. O tema “Literatura africana em língua portuguesa” entrelaçou em um grupo, de aproximadamente dez pessoas, muitas possibilidades de re-criações e contatos com a memória de Áfricas passadas e presentes.



Partindo de chamados, que nascem de questões atuais sobre as africanidades vivenciadas no Brasil foi possível estabelecer conexões entre o sensível, que tocava a cada um dos participantes, em significados múltiplos. Assim, as atividades resultaram em diversas leituras do tema, a partir de foto-imagens, poemas, sons, filmes, história e uma deliciosa roda de prosa.





No primeiro dia foi disposto um banquete de imagens e poesias, um convite à interação com a criação do grupo, o movimento foi fecundo, de muita atividade imagética. Já, no segundo dia, foi possível conversar mais a respeito da poesia africana, per- passando pelas linhas de sua historicidade e composições. Ao final, o grupo assistiu ao filme “Cartas para Angola”, seguindo de um debate, misto de conversas poéticas, ao sabor dos rastros históricos e vivências de cada um.




Oficina-sarau no evento “Afetos Nascentes” - Museu da Imagem e Som de Campinas - novembro de 2014


por Angélica Brotto


O encontro envolveu artistas, pesquisadores, universitários e público, reunidos para uma criação audiovisual coletiva a partir do tema mudanças climáticas, seca, inundações e as adaptações. O evento foi organizado pela Sub-rede Divulgação Científica e Mudanças Climáticas da Rede CLIMA ligada ao Laboratório de Estudos Avançados em Divulgação Científica (Labjor – Unicamp).




O espaço do MIS foi tomado por cachoeiras de pano, simulações digitais de mar/água, exposição de sons e sentidos. Criamos um rio que desembocava na rua, cheio de poemas, mini-contos, livros e imagens produzidas e/ou selecionadas pelo Coletivo. Havia folhas também e cheiros. Esse rio nascia de uma cabaça, utensílio muito utilizado no armazenamento e transporte da água e símbolo da criação do mundo e das águas na cultura ioruba. Começamos a declamação dos poemas. E ali havia uma composição de sentidos: músicas, toques, leituras, e observações através dos rios, das imagens, das folhas, explorando imaginações que transbordam o tema.






A participação do Coletivo Fabulografias na exposição foi inundada de sensações e reconstruções. O espaço incorporou o devir do momento, expresso através do rio que comungou poesia, imagens, cheiros e música e envolveu as pessoas ali presentes num transe: a voz virou o instrumento, o instrumento poesia, a poesia imagem, a imagem cheiro. Veio então, o momento de ouvir. A tradição que emana da oralidade foi sentida nas palavras de Babalorisa Faseyi Dada, que narrou aos ouvidos atentos o valor sagrado da água. Água enquanto geradora de todas as vidas, si mesmo como parte de um todo. O clamor por respeito inundou os sentimentos, um respeito pela vida que abriga a si e ao outro.





Pelos muros da cidade, um encontro
Em frente ao MIS um encontro que reverberou. Uma intervenção do Coletivo Comunicadores Populares com criações de diversos artistas em homenagem a Cláudia Silva Ferreira assassinada no Morro da Congonha pela Polícia Militar do Rio de Janeiro em março de 2014. 
Seu nome era Claúdia, e ela não foi arrastada pelas ruas, presa ao carro de policiais, acidentalmente. Ela foi assassinada, sua carne negra, é a carne mais barata do mercado. O racismo é velado, mas persiste, seleciona, marginaliza e destrói muitas vidas. Do lado de fora, um paredão gritava aos nossos olhos uma denúncia da discriminação e violência às quais os negros estão, cotidianamente, expostos na sociedade. Não seremos cúmplices, não esqueceremos... Seu nome era Claúdia.









Oficina na Diretoria de Ensino de Campinas Leste - outrubro de 2014

por Rodolfo Fordiani


O Núcleo Fabulografias - ALB foi convidado a participar de um evento de capacitação sobre ensino com foco em africanidades, buscando a descolonização e combate ao racismo presente em todas as esferas sociais, inclusive na do ensino. O público era composto por professores coordenadores da Diretoria de Ensino Campinas Leste. Nesta manhã de trabalho os professores tiveram contato com múltiplas formas de apresentar a questão. Uma aluna vestida com traje do seu terreiro Candomblé falou de sua religião e convidou a todos para irem até a casa dela conhecerem de perto toda essa riqueza que resiste. Alguns alunos da escola que sediou o encontro apresentaram um espetáculo composto por axé e capoeira. Foi muito axé! Uma das palestrantes tratou da presença dos negros no esporte, no entanto, desconsiderou questões políticas e se posicionou muito distante do que propunha mesmo aquilo tudo: o combate ao racismo.









Montamos uma exposição com imagens criadas em outras oficinas, poemas, mini-contos, livros e instrumentos. O retroprojetor apresentava o vídeo também criado pelo coletivo. Após uma aproximação e recepção do público na exposição, começamos a experimentar a criação através da fala, do toque e da expressão que foram revelados naquele contato com os elementos dispostos.